Na passada segunda-feira, à conversa com a minha irmã, actualmente a residir no Reino Unido, tive a oportunidade de obter alguma informação que me pareceu interessante partilhar, a propósito do caso Maddie. Não vou tecer considerações sobre teorias ou pistas. Não é nada que "72 horas diárias" de dedicação ao caso, nos Media, não façam já. Aliás, tenho a esperança de que, na noite de hoje, não apareça o Moita Flores - pessoa com a qual simpatizo bastante - a comentar o Portugal - Sérvia ou a ajudar o Jack Bauer a salvar a Audrey Raines em mais um episódio da série 24. É que se repararem, não há programa em que o senhor não apareça - o homem também tem que descansar, não?
Mas voltando ao que é importante, a impressão com que fiquei na conversa com a minha irmã, é que os Media britânicos têm primado as suas análises com a sobranceria do costume em relação às autoridades portuguesas, alicerçando as suas teorias e suposições em lógicas da batata - a este propósito, convido-vos a ouvir algumas declarações da irmã de Gerry, uma senhora robusta (pronto, é gorda!) que caga sentenças com a classe de um estivador português dos anos 50. Digo isto com o máximo respeito pelos estivadores portugueses dos anos 50...
Importa referir que, ao contrário do que se possa pensar, há ingleses que têm o bom senso de medir as palavras. Também existem algumas correntes anti-McCann (que também já foram apelidados de McScum e McTan, entre outros mimos). Contudo, em alguns fóruns de discussão na net, por exemplo, as discussões com elementos anti-McCann foram apagadas. Uma das excepções, é um fórum dedicado a este caso, responsabilidade do Daily Mirror (ver aqui), em que há portugueses que se dão ao trabalho de traduzir para inglês artigos do Sol, Expresso, Correio da Manhã, para tentar dar uma outra visão sobre estes casos aos ingleses. Muitos destes últimos não se coíbem de pedir mais informação de Portugal, nem de criticar os Media britânicos pela constante desinformação.
Isto não quer dizer que os Media Portugueses não tenham as suas responsabilidades nesta matéria. Todavia, e digo isto sem qualquer tipo de favor, dá-me a sensação que alguns Media Portugueses têm tentado ter alguma contenção na abordagem a este caso. Outros continuam a encarar isto como um jogo Portugal - Inglaterra. Veja-se o último Prós e Contras - Fátima Campos Ferreira, mais uma vez, não se coibiu de tecer alguns comentários despropositados, neste programa em relação aos ingleses, acabando por fazer o jogo destes. Pior do que isso, só a intervenção de Sandra Felgueiras - tendenciosa, sem pingo de informação ou imparcialidade. Pensava eu que só usavam isso nas reportagens sobre o "licenciado" em engenharia, José Sócrates. Honra seja feita ao director do Expresso que repudiou aquela intervenção.
Algumas conclusões:
O caso Maddie, tal como o Caso Casa Pia, entre outros, revela a gritante falta de capacidade comunicacional das instituições ligadas à Justiça e à Administração Interna.
Porque é que o Ministro da Administração Interna ainda não teve uma palavra de repúdio perante os insultos de que a PJ tem sido alvo? Era o mínimo que podia fazer, até porque os governos têm a mania de pensar que a segurança não é importante, até acontecer alguma desgraça. Resultado disso mesmo, é o total desinvestimento em instituições como a PJ, GNR, entre outras. É chocante ver como algumas pessoas têm usado este caso para se mostrarem a todo o custo, esquecendo o que é realmente importante: saber o que é que aconteceu.

9 Comments:

  1. Zig said...
    Como sempre, excelente texto. Aqui podemos dizer, podemos falar à vontade, é que, eu não vou muito com a cara dos ingleses. Claro que há excepções, e ainda bem. O inglês é ainda mais influenciável pelos midia do que o português. E a imprensa inglesa se aproveita disso! Hoje escrevem uma coisa, amanhã outra, e a opinião pública naquele país muda conforme o vento. Por cá, espero que este caso alerte de vez sobre a falta de meios na PJ, e não só. Vi apenas um pouco desse programa Prós e Contras, pelos vistos não perdi muito.

    É como dizes, nisto tudo, já pouco se liga ao que interessa: onde está a Maddie?
    jocasipe said...
    Nestes anos loucos em que vivemos, com a mediatização da justiça e da investigação como nunca, creio que até Sherlock Holmes já teria desistido do caso face a tanta contra informação....
    RCataluna said...
    zig:

    Muito Obrigado!

    O programa até foi bom. Pessoalmente, não gosto do modo como FCF dirige o mesmo.

    Mesmo os Media ingleses mais respeitados não conseguem evitar entrar nalguma confusão e histeria.

    Abraço!

    jocasipe:

    Não tenhas dúvidas!

    Abraço!
    Anónimo said...
    E será que os ingleses estão mesmo interessados em saber o que aconteceu? Será que não preferem destilare o seu veneno em ataques contra a polícia portuguesa quando eles têm centenas de crianças desaparecidas das quais nunca mais se ouviu falar?
    Com o governo inglês metido ao barulho duvido muito que alguma vez se chegue a lado algum...assim tipo Casa Pia.
    Cumprimentos
    RCataluna said...
    daplanicie:

    Até acredito que haja ingleses que querem resolver as coisas e saber o que se passa. Duvido é que eles engulam a arrogância e prepotência com que têm tratado as nossas autoridades...
    JB said...
    muito bem visto rcataluno

    Zig, concordo a 100%, e impressionante ler alguma imprensa aqui em inglaterra (leio porque os jornais sao a borla aqui no hotel, comprar? nao sou louco a ese ponto), dizem de uma forma descarada que a PJ e imcompetente, sem capacidade para analisar o que quer que seja, etc... mete nojo, e isto e pouco... posso dizer que ha os ingleses que engolem essas coisas e ha os que se preocupam em saber um pouco mais... enfim e o que se tem...
    RCataluna said...
    jb:

    Obrigado, João!

    Abraço e bom fim-de-semana!
    Anónimo said...
    Já andei por imensos sites, este foi o melhor texto "pessoal" mais interessante que encontrei. Ainda deu para rir um bocadinho com a cena do estivador. Lol.
    RCataluna said...
    constance:

    Muito obrigado pelo elogio e pela visita!!

    Apareça!

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