Onde é que pára o PS?

Já disse aqui e volto a dizer: a governação Sócrates é uma reedição "musculada e com voz grossa" do que foi o Guterrismo - fazer um grande show off para ficar tudo na mesma. Só que, desta vez, "quem se meter com o PS, leva (mesmo)", pegando nas célebres palavras de Jorge Coelho.

Não sou militante de nenhum partido, e se fosse, de certeza que não seria do PS, o que me deixa particularmente à vontade para dizer o que vem a seguir.
Não entendo como é que um partido como o PS pode compactuar com casos como o da DREN, de Vieira do Minho, de filmagens de manisfestações, acesso a mails privados...
Uma dos aspectos mais relevantes tem a ver com o facto de muitas dessas delações terem vindo de militantes do partido em questão. Contudo, este tipo de atitudes acaba por ter o beneplácito do governo, com o seu silêncio e indiferença perante os problemas dos cidadãos; e também tem o respaldo do grupo parlamentar do PS com atitudes do género "não aceitamos lições de democracia de ninguém". É a mesma coisa que dizer que subscreve estes procedimentos.
Este governo tem legitimidade democrática. Indiscutivelmente. Todavia, essa legitimidade tem limites.
É verdade que o PSD, no passado, também tomou algumas destas atitudes. Condenáveis. Pacheco Pereira é que costuma falar muito disso. Seja como for, é muito preocupante que, com pouco mais de dois anos de governo, estes sinais já sejam muito evidentes.
Espero que o PS (os seus militantes mais e menos anónimos) tome uma atitude muito mais clara de condenação relativamente a estes pontos. Caso não o faça, é apenas mais um sinal de que a nossa democracia está muito mais doente do que se pensa.
Mais vale que o PS publique um anúncio a pedir delatores. Já estou a imaginar:

Tens entre 18 e 99 anos?
Tens um coração vermelho a balançar para o rosa?
Tens pesadelos recorrentes com o Salgado Zenha e o Manuel Alegre?
Achas que Sócrates é o Clooney português e a Helena Roseta é o Anti-Cristo?
Então do que é que estás à espera?

Que fique claro que este último bocado de texto, em itálico, é a brincar. Estou no meu direito. "Habituem-se", diria Vitorino. Só peço é que não brinquem connosco e não insultem a inteligência dos portugueses. Já chega.

5 Comments:

  1. jocasipe said...
    Pois, mas todos os dias nos insultam (quase digo - violam!) a consciência! A última então... A Sec Estado da Saúde a ensinar-nos os locais "próprios" para dizer mal do governo então, é de bradar aos céus! Pode-se dizer mal do governo sim senhor, mas só em casa, ou no café com amigos, e em tom baixinho... senão....
    Também sou apartidário, mas este governo está-me a obrigar a me tornar num "anti-PS" compulsivo!!!
    RCataluna said...
    jocasipe:

    Já somos dois, meu caro! Se isto fosse num país civilizado, provavelmente já tinha havido uma insurreição popular...

    Abraço e bom fim-de-semana!
    Zig said...
    Eleições intercalares em Lisboa, presidência da EU, as coisas TÊM que correr bem a ele, custa o que custar....a malta depois leva!
    H said...
    Concordo com quase tudo, mas pergunto o que sempre pergunto: e... as opções?
    RCataluna said...
    Zig:

    Exactamente! O povão paga a factura. Os próximos dois anos de mandato, a continuar assim, vão ser arrepiantes...

    Abraço e boa semana!

    H:

    O único partido que pode suceder ao PS tarda em afirmar-se. Marques Mendes terá uma prova de fogo no próximo fim-de-semana. Vamos ver como é que ele vai actuar. Contudo, começa a perder margem de manobra. Infelizmente, enraizou-se um costume na nossa democracia, em que os partidos preferem esperar pelo desgaste do governo em vez de apresentar propostas alternativas. Na minha opinião isto não só é errado, como prejudicial para o país: perde-se tempo em guerrinhas inúteis e as reformas, mais uma vez, são adiadas.
    Por outro lado, o que mais me faz confusão é a passividade com que estes actos são encarados. Como se fossem coisas normais de uma democracia. Não são coisas normais. Nem admissíveis.
    Espanta-me ver alguma comunicação social e restante sociedade civil que, ontem, estava agarrada aos clichés revolucionários, armados em amantes da liberdade, hoje, são piores que os parasitas e os burgueses que criticavam na véspera.
    Como escreveu o João Espinho na Praça, se isto fosse com um governo do PSD, não haveria ninguém que não apelidasse estes actos de fascizantes. Como é um governo PS, trata-se de um exercício de democracia.
    Espero que seja maior o número de militantes socialistas preocupados com esta situação, do que a inscreverem-se no partido à espera de alguns resultados desta sangria nas liberdades das pessoas, seja na função pública ou qualquer outro sector da sociedade portuguesa.
    Opções? Com certeza que haverá. Como diria um célebre artista português, "tudo pode acontecer, basta só a gente querer".

    Abraço e boa semana!

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