O Balanço do Mundial

Este texto também está disponível n'A Taberna dos Inconformados.

Termina hoje mais um Mundial de Futebol. Pessoalmente, não me lembro de um campeonato do mundo tão mal jogado (talvez o Itália 90), com arbitragens, no mínimo, polémicas e com tantas “estrelas” que se eclipsaram.

Julgo que seria muito oportuno que a FIFA metesse a mão na consciência e chegasse a algumas conclusões que me parecem óbvias: as competições internacionais de futebol estão mais vocacionadas para os clubes, relegando as selecções para segundo plano. Estas têm cada vez menos tempo para treinos e estágios. Além disso, depois de uma época em que os jogadores chegam a Maio com 60 jogos (quando não é mais) nas pernas, é normal que os atletas não consigam estar ao seu melhor nível. É (também) por isso que as selecções que “jogam bonito”, como dizia Scolari, foram mais cedo para casa – a Espanha e a República Checa, por exemplo. Nesse sentido, um futebol mais “realista” foi a arma mais utilizada para prosseguir na competição – esta é a especialidade da Itália.

Mas, para mal dos nossos pecados, este não foi o único problema. Os senhores da FIFA, que passam mais tempo em escritórios do que em estádios, desataram a alterar regras. O exemplo mais flagrante foi o caso da amostragem de cartões – às vezes bastava “espirrar” ao pé de um jogador para ver uma cartolina amarela. Para além do Portugal X França, o Portugal X Holanda, com o senhor Ivanov, demonstrou a vergonha (e a falta de transparência) que foi a arbitragem neste Mundial. O juiz russo foi o representante máximo de um conjunto de árbitros em má forma e com critérios de avaliação do jogo muito duvidosos. Blatter, no final do jogo, disse que Ivanov é que deveria ter visto um cartão. Disse aquilo que toda a gente achou e queria ouvir. Ao que parece, à pouco tempo, o senhor Blatter pediu desculpa ao árbitro russo pelas suas palavras. Será diplomacia? O desejo de estar bem com Gregos e Troianos? Eu chamo-lhe cinismo.

Estes sentimentos e atitudes mesquinhos no seio da FIFA reflectem-se na maneira autista como esta conduz as competições, estagnando o futebol, revelando-se avessa a mudanças e a novidades. A FIFA acabou por ser muito conivente com a campanha vergonhosa que se organizou contra a selecção portuguesa. Bastava ver alguns textos do site da FIFA. Mais parecia um tablóide inglês. Não soube criar condições para o aparecimento de novas potências como Portugal.

Peço desculpa pela extensão do meu texto, mas tinha muita coisa para dizer. Este campeonato do Mundo foi óptimo para a selecção portuguesa (escrevo este texto antes do jogo com a Alemanha), mas foi uma má propaganda ao futebol. Responsabilidade de maus dirigentes que, pelos vistos, não são um exclusivo nacional.

3 Comments:

  1. Abade.anacleto said...
    Concoedo em absoluto!!! A pôrra dos lobbies lixa sempre os pequenos. Há que resistir e isso é o que sempre faremos.
    Um abraço e uma boa semana.
    Paulo said...
    Quando é que a «Zona azul» curte um mundial..lol???

    héeeeeeeeeee

    Paulo
    RCataluna said...
    Abade Anacleto:

    Eles (a FIFA) têm que mudar de atitude! Senão o futebol corre o risco de estagnar...

    Abraço e boa semana!

    Paulo Sempre:

    A altura da Zona Azul chegará...
    Só não sei é quando! EhEh!

    Obrigado pela visita!

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