Três notas soltas

1 - Hoje, ao arrumar uma pilha de jornais, reparei num facto curioso. De todos os jornais que passaram pelas minhas mãos apenas dois eram de âmbito nacional (duas edições do Público que compro à sexta por causa do Inimigo Público) - todos os outros eram regionais. Reparei que também me começou a acontecer aquilo que muita gente defende na blogosfera e não só: a oferta da imprensa escrita nacional acrescenta muito pouco ao que já existe, nomeadamente aos jornais gratuitos e à informação disponível na internet. Consigo obter muito mais informação do Correio Alentejo do que do Público ou do Correio da Manhã. Não chega fazer alterações gráficas ou tentar apostar (timidamente) na grande reportagem ou no jornalismo de investigação. O desafio para a imprensa portuguesa é enorme e espero que saiba responder à altura, com qualidade, sabendo a que públicos se deve dirigir.

2 - Tenho uma relação amor/ódio com Beja. Tenho dias em que adoro os cheiros, a luz, a comida e os olhos dos velhotes que transmitem sabedoria. Tenho dias em que detesto conduzir cá! Hoje, por exemplo, apanhei dois condutores stressados (como é possível, em Beja?) que perdem as estribeiras por aqueles que andam a 50 km/h dentro da cidade ( esses "patêgos") e quando encontram uma fila com três carros (parece o limite mínimo para engarrafamento nesta cidade), começando a buzinar freneticamente, qual engarrafamento na Ponte 25 de Abril às oito da manhã de uma segunda-feira! Aqui é que é mau! Não era mais fácil resolver as coisas com cortesia, em vez de descarregar as fúrias e frustrações ao volante? Tenho dias em que detesto viver numa cidade em que se leva muito tempo a abrir a piscina! Em que se cancelam eventos culturais como a Bejalternativa. Em que se nomeiam pessoas de acordo com as conveniências políticas em vez de ser pelo seu mérito. Numa cidade que não aposta na juventude, que não aposta no emprego, que se renega a si própria. Tenho vontade de me ir embora! Muita! Mas não quero! Quero criar os meus filhos e viver feliz com a minha mulher! Quero ter tempo para fazer as coisas com tempo! Quero ter o "direito" de poder ir buscar o pão acabado de fazer à padaria da minha esquina, coisa que é mais difícil noutras cidades! Quero uma cidade diferente e não quero desistir de lutar por ela. Mas às vezes é difícil...


3 - Aconselho a leitura do Correio Alentejo desta semana, nomeadamente do editorial de António José Brito; do artigo de António Manuel Revez, com o qual concordo em traços gerais; deste
post da (sempre óptima) Praça da República em Beja.

7 Comments:

  1. Paulo said...
    Curto bué as portas de Mértola cá du «burgo». No café «Luís da Rosa»...curto as noticias «frescas». No jardim publico acho bué fixe os patos os velhos e afins.
    Agora stress...nepia!!!!

    A «PAX JÚLIA» é mesmo o «espelho da calmaria».

    Um abraço!
    Paulo
    nikonman said...
    Obrigado pela referência (e elogio).
    RCataluna said...
    Paulo:

    É o espelho da calmaria para alguns. Existem outtros que têm uma atitude agressiva e desnecessária. Para quê?

    Abraço e bom fim-de-semana!

    Nikonman:

    Ora essa! É sempre um prazer!

    Abraço e bom fim-de-semana!
    Abade.anacleto said...
    Amigo Cataluna, o que se pode dizer acerca de um dado tema (refiro-me à tua relação amor/ódio com Beja) quando concordamos em absoluto com ele.
    Muito bem escrito como sempre.
    Um abraço.
    RCataluna said...
    Abade Anacleto:

    Muito obrigado! Parece que o mal é generalizado.

    Abraço e bom fim-de-semana!
    Zig said...
    Só me irrito com os arcondicionadodependenteseporissoandaremlentissimoslixandoseparaosoutros....
    RCataluna said...
    Esses também são do piorio...

    ui.....

    Abraço!

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